sábado, 5 de abril de 2014


As cores dos quadros de Gaugin em Paupette. Precisava de um pouco desta luxúria descomplexada. Desta metamorfose que Vargas Llosa descreveu tão bem no seu livro "Paraíso na Outra Esquina". Estamos todos cinzentos como o tempo. A chuviscar, a chuviscar, aquela chuvinha que se imiscui por dentro das fibras das roupas e incomoda. Sacode-se, e uma camada de água fininha ensopa-nos a mão num desconforto molhado. E as obras de Gaugin não me saem da cabeça. Aqueles laranjas, vermelhos e roxos, vibrantes como a manga madura que se vai mordendo e deixa escorrer os veios de amarelo-vivo lentamente até ao pescoço. Saudades do sol e seus gloriosos esgares de sutileza bruta que alimentam e saciam.

Precisava de um trago cheio disso agora.

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