As cores dos
quadros de Gaugin em Paupette. Precisava de um pouco desta luxúria
descomplexada. Desta metamorfose que Vargas Llosa descreveu tão bem no seu
livro "Paraíso na Outra Esquina". Estamos todos cinzentos como o
tempo. A chuviscar, a chuviscar, aquela chuvinha que se imiscui por dentro das
fibras das roupas e incomoda. Sacode-se, e uma camada de água fininha ensopa-nos
a mão num desconforto molhado. E as obras de Gaugin não me saem da cabeça.
Aqueles laranjas, vermelhos e roxos, vibrantes como a manga madura que se vai
mordendo e deixa escorrer os veios de amarelo-vivo lentamente até ao pescoço. Saudades
do sol e seus gloriosos esgares de sutileza bruta que alimentam e saciam.
Precisava de um trago cheio disso agora.
Precisava de um trago cheio disso agora.
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