Saíste a
meu lado esta manhã. Vinhas em compasso forte e contrariavas com boa disposição
o meu humor que ia apagado e ensonado pela rua ao teu lado. Chegados ao carro,
puxaste-me a mão e disseste, vai com cuidado que eu volto já. Já passou todo o
dia quase. O humor já acordou e a vida já se fez maior. Tu foste o melhor
momento do dia… ali naquele momento de manhã em que não sei se foi mesmo ou se
sonhei.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Buraco negro
Às vezes
parece que me sinto a escrever de trás para frente. Penso nos aborígenes que
conheci no nortinho da Austrália, a viver de trás para a frente. Penso nos
garotos descalços em África a brincar e a correr de trás para a frente. Penso
nas últimas décadas e como têm andado para trás. Ninguém tem culpas. Ninguém
tem razão. Todos querem ir para a frente. Mas não conseguem. Só os que
subvertem. Só os que sujam e rasgam os princípios. No outro dia a minha Mãe
confessava-se preocupada pois achava que um dia os computadores controlariam o
mundo. Pensando bem, talvez não fosse assim tão alarmante.
Penso
quando foi que começou? Quando foi que ficámos assim? Virados ao contrário,
olhando para trás? As teias de favores, trapaças e vigarices que se criam por
todo o lado. Os poderes que desmandam e subvertem e abafam. Impunes, sempre.
Os ladrões de régua e esquadro, gravatas chiques e nomes sonantes. Sabichões de
Honoris Causas que mandam e desmandam em nós. Que terminam com os sonhos de uma
vida de gente que gasta tudo o que tem em dignidade e ainda assim vive aprisionada.
Nós por cá
nos mantemos. Nós por cá nos alimentamos de sol, de ar e de água turva.
Tiram-nos os dedos e os anéis, tiram-nos a qualidade e a segurança. Nós permanecemos
por cá, até porque temos cá família, temos cá os amigos, poucos já. Até que um
dia também nós, no miradouro de São Pedro de Alcântara, não consigamos mais.
Não suportemos mais os anos que andam para a frente, e a vida que regride para
trás, cada dia, mês, ano... O trabalho torna-se elogio de loucura. A sua posse
ouro. E a sua contemplação déspota. Não foi para isto que se lutou. Todos. Os
passos da troika ou os pensamentos filosóficos de Sócrates e outros platões que
tal, não sei, não dou cavaco. Mentem. Mancham-se e entre-cruzam os céus
empinados, convencidos e despreocupados. Prepotentes. Gente pequena com fome de
poder e manipulação. Gente pequena com traumas de infância, que está a hipotecar o futuro da nossas crianças.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
zum zum
Estou-me
aqui agora. Neste “zum zum” que me despertou ainda há pouco. Uma awakenig session que me fez pestanejar e
ver para dentro da memória, sentir fundo no centro de mim que o mundo está aqui
todo para mim e eu, todos os dias, sinto-o escapar dos dedos sem nada fazer.
Consciência
de um presente em mute e aquele futuro almejado, antecipando-se em stand-by.
Tentam-se planos, mas foge-se, evita-se a conclusão que os fará por fim
dissolver. E o livre arbítrio. A possibilidade infindável de correr que nos paralisa
as pernas e prende ao chão como raízes de sequoias milenares.
Há dias em que não me sinto perto. Não me saem pensamentos trocados em letras em paredes brancas e linhas invisíveis. São dias consumidos nos intermeios dos nadas. São esgares de resignação de uma vida que se bebe em tragos largos, sem sentir o sabor. Tentando engolir, andar sem saborear. Porquês sem resposta. Vontades que se despediram numa daquelas estradas que se perdeu ao longo do caminho. As pernas e o sorriso são vigorosos. Os amores também. As redes em redor suportam, mas por dentro as vezes aquele “zum zum” que adormece e desperta em vontades próprias e sons impronunciáveis.
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