terça-feira, 4 de novembro de 2014

Por onde ir?

Andei algum tempo sem me visitar. Acordo-me e deito-me todos os dias longe de mim. Não me conheço nem me sei acabar ou começar tão pouco. Fiz de conta que sabia e fui andando, andando para qualquer lado. Mas agora que aqui torno, vejo para trás a poeira levantada pelo passo atafulhado, como uma caligrafia indecifrável, escrita de olhos fechados. Não sei mais onde estou. Sei que tenho junto de mim. Essa é a paragem onde sempre quero ir ter. Mesmo que não saiba de onde venha nem para onde vou.

Contínuo sem pressas. Mas dentro de mim algo se agita e me tenta agarrar ao chão que não quer escorrer por baixo do pé também já não, já não quer ir tão rápido.

Penso em todos aqueles bancos onde já tantas vezes olhei sem ver. Penso em todas as fotos daqueles bancos de madeira, de ferro, de plástico, coloridos ou cinzentos, molhados ou solarengos, todos se aglomeram num álbum desarrumado na minha cabeça, no meu espírito que se alvoraça assim.


Queria ir contigo para o fim do mundo e lá encontrar enfim o sentido com que tudo sempre se revestiu. Lá sentir que posso ser mais eu e mais tu e mais nós. Lembro aquela música do Chico. Aquela que ouvimos tantas vezes já. Curtinha que me faz sorrir e chorar. Penso em ti aí longe sem estares. Penso em nós. No que querer a seguir. Por onde ir afinal? Filhos, sonhos, desconhecido? Por onde deambular para chegarmos ao norte que é o nosso? Por onde ir para contigo na mão me encontrar e sossegar finalmente.